(Leia também o post sobre a viagem para Capadoccia na Turquia )
A Turquia (Türkiye, em turco), cujo nome oficial é República da Turquia (Türkiye Cumhuriyeti), é um país eurasiático constituído por uma pequena parte europeia, a Trácia (apenas 3% do território), e uma grande parte asiática, a Anatólia. Faz fronteira com oito países: a Bulgária, a Grécia, a Geórgia, a Armênia, o Iran e o Nakichevan azerbaijano/Azerbaijão, o Iraque e a Síria. E é banhada por 4 mares diferentes: pelo Mar Negro, pelo Egeu, pelo Mar de Mármara e pelo Mediterrâneo.
Localizada em uma região estratégica, entre a Europa e a Ásia, a Turquia era uma espécie de encruzilhada para muitos povos da antiguidade. Em alguns períodos, a região fez parte de importantes rotas comerciais e era constantemente atravessada por caravanas que transportavam seda e especiarias da China (Rota da Seda). Mas a Turquia é mais do que uma ponte entre o ocidente e o oriente. É mais do que somente a porta de entrada para o oriente. Sim, é muito mais. Esse país encanta pela história encravada nas pedras de cada esquina, sejam estas no continente europeu ou no continente asiático.
Nao é um país que encanta exatamente pela beleza de sua arquitetura externa ou pelas paisagens urbanas em geral. A Turquia é enigmática, esconde suas riquezas e suas belezas arquitetônicas nos seus interiores majestosos, sempre bem guardadas e preservadas. Mas, por outro lado, a beleza natural deste país é algo único e escancarado. É um país extenso longitudialmente, apresentando cenários e condicoes completamente diferentes conforme os viajantes vao se deslocando de uma extremidade à outra. E foi por isso que nao podíamos nos contentar com Istanbul, e decidimos contar com a bençao de Alá numa viagem de onibus durante 10 horas entre Istambul e Gömere (Capadoccia – Anatólia), na direçao da fronteira com a Síria. Sim, algo difícil de descrever e impossível de esquecer.
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A República da Turquia é um dos cacos do que sobrou do poderoso Império Otomano. Quem nunca ouviu falar do grande Império Otomano? Olha que até eu que só colava em história já ouvi sobre esses caras faz tempo (rs).
O Império Otomano (Devlet-i Âliye-yi Osmâniyye em turco otomano) foi um Estado que existiu entre 1299 e 1922 e que, no seu auge, compreendia a Anatólia, o Médio Oriente, parte do norte de África e do sudeste europeu. Foi estabelecido por uma tribo de turcos oguzes (curuzes!) no oeste da Anatólia e era governado pela dinastia Osmanlı.
Fundado por Osman I (em árabe Uthmān, de onde deriva o nome “otomano”), nos séculos XVI e XVII o império constava entre as principais potências políticas da Europa e vários países europeus temiam os avanços otomanos nos Balcãs.
Sua capital era a cidade de Constantinopla (chamada assim durante o domínio do Império Romano na regiao, hoje Istambul), tomada ao Império Bizantino em 1453. O Império Otomano foi a única potência muçulmana a desafiar o crescente poderio da Europa Ocidental entre os séculos XV e XIX. Declinou ao longo do século XIX e terminou por ser dissolvido após sua derrota na Primeira Guerra Mundial. Ao final do conflito, o governo otomano desmoronou e o seu território foi partilhado. O palco político-geográfico do império transformou-se na República da Turquia, após a guerra de independência turca.
Hoje, ironicamente, a República da Turquia encontra-se em um grande empasse na sua tentativa incansável de fazer parte da poderosa “Uniao Européia”. Estando naquele território é impossível nao se perguntar: “Por que esse processo é tao complexo? Por que a UE nao aceita a Turquia logo? Até que ponto esse blablabla sobre o conflito com os curdos faz sentido?”. Eu e o Rô conversamos muito a esse respeito e nossas conclusoes nao foram tao diferentes da análise de especialistas ainda no ano de 2005. Interessado no tema também? Entao leia a análise na íntegra aqui. É, pelo jeito, o Império Otomano adormeceu, mas nao morreu.
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Muitas pessoas que, como eu, moram em algumas cidades na Alemanha, conhecem bem o povo turco DA ALEMANHA (Berlim é considerada a maior cidade turca fora da Turquia). Sim, conhecem turcos que moram na Alemanha, sendo que muitos já nasceram aqui. Pois bem, conhecer os turcos em seu habitat natural (assim como qualquer povo) é beeeem diferente e vale muito a pena pagar pra ver e aproveitar para quebrar alguns preconceitos. Obs.: quem nasce na alemanha nao é necessariamente alemao, a nao ser que tenha descendência alema.
Pois é, os turcos da Turquia me pareceram ser diferentes da imagem que é pintada na Alemanha. Infelizmente nao chegamos a conhecer nenhum muito bem por falta de tempo, mas nao por falta de vontade e curiosidade. Sou extremamente observadora e, por isso, nao me cansei de observá-los enquanto estivemos por lá. Me pareceram tao calorosos, tao próximos, tao amigos, tao “família”. Fiquei apaixonada por ver como se tocam, como se expressam, como se abraçam, como se beijam, como se divertem juntos, como vao rezar na mesquita todos juntos (homem com homem e mulher com mulher). Observando as pessoas sem associá-las a qualquer religiao, me senti no Brasil.
Nao, nao sao perfeitos, assim como ninguém é. Apesar de admirar como vivem intensamente em sociedade, nao confiava em nenhum deles. É estranho e até mesmo triste isso, mas nos sentimos assim no Egito e no Quênia também. A cultura de negociaçao deles me incomoda demais, pois sempre saímos com sentimento de termos sido enganados. Se nós, brasileiros, temos a fama de malandros, nao sei qual adjetivo dar para os turcos, pois eles parecem profissionais nessa área.
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Na constituicao da República da Turquia é declarada a liberdade na escolha da religiao, até por isso convivem “pacificamente” muçulmanos, cristaos e judeus no território turco. Porém, 90% da populacao é muçulmana. O único conflito existente no âmbito religioso é o conflito com os curdos do sudeste da Anatólia, a península onde fica a porçao asiatica da Turquia. O Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), grupo clandestino formado por militantes armados, iniciou uma luta armada na Turquia há 23 anos.Criado em 1978, o PKK reivindica a criação de um Estado curdo independente.
Apesar de o país ter sido uma importante base cristã no passado, restaram poucos cristãos na Turquia. A comunidade cristã atual é formada por ortodoxos, na maioria, protestantes e um pequeno grupo de católicos.
Respeitar a liberdade religiosa dos não-muçulmanos é essencial para a concretização da expectativa da Turquia em participar da União Europeia. Portanto, a reforma de leis contra igrejas cristãs tem sido facilitada, e o preconceito antiocidental retirado de textos didáticos das escolas. A atual liderança do partido Justiça e Desenvolvimento (AK) chegou até a restaurar uma antiga Igreja armênia no leste da Turquia, ignorando as objeções dos seus membros mais religiosos. Por outro lado li que muitos cemitérios cristaos vem sendo invadidos e os túmulos abertos como forma de protesto contra os católicos.
Sendo a principal religiao desde país o islamismo, seguem algumas fontes de informacao. Nao sei vocês, mas eu admiro mais coisas no islamismo do que no cristianismo. Talvez seja porque todos muculmanos com os quais tive contato até agora sao pessoas fantásticas que me apresentaram a crenca deles por um outro ângulo (diferente do ângulo da mídia internacional), mas enfim, informar-se é melhor do que criticar sem informacao, certo!? Primeiro uma visao geral sobre o assunto aqui. E o islam por ele mesmo aqui.
Antes que alguém me pergunte: sou definitivamente Deísta, mas amo me informar sobre todas religioes, afinal agora estou na área de Marketing e as religioes sao canais de Marketing poderosissímos. Pois é, é só dizer que tudo é feito em nome de Deus e pronto. (((-:
Bom, agora chega dessa aula de história e religiao porque o que eu gosto mesmo é de mochilar! Entao vem comigo!
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Quando o Rô sugeriu irmos para Istanbul nao fiquei muito empolgada, pois pensei que Istanbul nao me impressionaria tanto, afinal a maior parte do seu território fica na Europa. Ledo engano. Istambul é intrigante e é esse lado que vou priorizar nesse post, afinal para ler só sobre as atracoes turísticas basta um “google” e vocês vao achar, no mínimo, 1500 fontes diferentes falando sobre elas. Quer um novo ponto de vista? Entao caiu no Blog certo. (((-:
Assim que entramos para o salao de embarque ainda em Stuttgart (Alemanha) já comecei a sentir que aquela viagem seria inesquecível. Éramos praticamente os únicos “ocidentais” naquele saguao, embora ainda estivéssemos na europa ocidental. Eu era uma das únicas sem o tal lenco na cabeca. Já ali nos sentíamos minoria, ou seja, o que esperar estando no país deles? Quando chegou um determinado horário, ainda em Stuttgart, eis que um “Mohammed” vai para um canto, coloca jornais no chao, ajoelha-se ali mesmo na nossa frente e comeca a cerimônia do sobe-e-desce que os muculmanos fazem quando oram. Eu e o Rô ficamos ainda mais eufóricos vendo aquilo, pois aquilo nos apresentava já uma amostra das situacoes que estavam por vir.
Estátua mulher usando burca
Chegamos à Istambul pelo lado asiático, após voarmos 2 horas pela Pegasus Airlines (Cia Aérea Turca) de Stuttgart ao aeroporto Sabiha Gökcen, em Istambul. Chegando lá, nos sentimos, a princípio, ainda no Ocidente. O aeroporto é fantástico, totalmente padrao europeu, mas com uma particularidade (tirando a língua) que nao pudemos deixar de notar: haviam duas salas para oracoes – uma para muculmanos e outra para católicos. Naquele momento nao pude deixar de pensar em uma coisa: dizem que o islam nao é tolerante com outras religioes, mas até hoje foi o único lugar onde vi duas salas de oraçoes religioes distintas. Ou alguém já viu algum aeroporto com sala para os muculmanos rezarem? Eu nao. Enfim, de qualquer jeito acho que foi ali que a ficha caiu: estávamos na única cidade do mundo que pertence à dois continentes, o asiático (Asian) e o europeu (Avrupa).
Sim, chegamos na Ásia, mas olha que chique, nosso hospedagem era na Europa. (((-: Fomos buscar infos no aeroporto, sobre como chegar ao nosso Hostel, mas nem por Alá conseguíamos encontrar algum ser nos postos de informacao. Só depois de ficarmos rodando que nem barata tonta é que chegou uma mulher para nos dar informacao…insuficiente. Sim, perguntamos como chegar lá no outro continente e ela nos indicou uma linha de ônibus especial. Pegamos o papel, saímos e o Rô viu um ônibus que fazia o mesmo percurso por MUITO menos. Era um ônibus normal, barato, seguro, sem muito luxo, mas confortável e que nos deixou no metrô.
Durante o caminho ficamos impressionados com aquela confusao, pois nos sentimos na Marginal Tiête. Muito estranho. Uma pista muito boa, larga, muitos carros (parecidos com os que temos no Brasil) e, nas laterais, um aglomerado impressionante de prédios (exatamente como em muitos lugares do Brasil). Era um pombal que nao acabava mais. Bem que eu li mesmo que a parte asiática de Istanbul é a área residencial, ou seja, o povo trabalha na europa e mora na ásia. Aliás, mesmo se nao tivesse lido a respeito teria percebido, pois como estávamos ali no horário do “rush”, o trânsito sentido europa-ásia estava totalmente parado, já no sentido ásia-europa (nosso sentido) estava relativamente tranquilo. Aliás, adorei esse negócio de “trânsito sentido europa-ásia”, afinal é uma expressao que você só vai poder usar quando estiver falando em Istambul. (((-:
Estávamos lá felizes no ônibus, abstraindo sobre como tudo aquilo nos lembrava as marginais de Sampa, quando de repente nossas impressoes foram reforcadas quando vimos através da janela empoeirada do busao alguns vendedores ambulantes, vendendo seus produtos no meio do trânsito parado. Ai penso: será que isso é mais um dos legados turcos em Sampa (rs)? Ah! E nos dias seguintes também vimos meninos lavando os vidros dos carros em troca de moedas e também grades nas janelas. Alguma dúvida de que os turcos trouxeram pro Brasil muito mais do que os doces e o Habbib´s? Aliás, falando em doces turcos… hummm…
Descemos no susto na estacao de metrô, ou seja, por pouco nao perdíamos esta. Chegando lá, caímos na real e vimos que nada ali seria tao trivial de resolver, até mesmo a compra de bilhetes para o metrô ou a baldeacao de um metrô para outro. O pior é que você nao sabe pra quem perguntar, pois alguém que fale inglês nao é algo assim tao fácil de encontrar dentro de uma estacao de metrô qualquer no meio da noite. No fim, fomos para uma maquininha e compramos os bilhetes (que na verdade sao fichas) na intuicao de que tínhamos feito a coisa certa, pois certeza mesmo só tínhamos uma: entender a língua turca é impossível! Enfim, pegamos o metrô, mas tínhamos que baldear para um outro transporte que nem sabíamos qual era. Chegando no lugar, descobrimos que era um funicular, só que subterrâneo! Nunca tinha visto algo do tipo.
Quando chegamos na rua do Hotel ficamos meio apreensivos, pois já era noite, a rua estava um tanto suja, com lixo espalhado pra todos os lados e nao tinha quase ninguém circulando por lá. Fora que era uma ladeira de respeito, daquelas que se vê em Minas Gerais. Mas o curioso é que apesar do lugar ser meio “tenebroso”, estava cheio de hotéis legais. Bom, o nosso hotel nao era nenhum luxo (óbvio), mas era, digamos “arrumadinho”. O mais interessante é que a gente percebeu nao só no Hotel, mas em tudo por aquelas bandas que os turcos também trabalham baseados nas “solucoes técnicas para algo sem solucao apropriada” como nós brasileiros. Sim, o famoso “jeitinho brasileiro” também é lei por lá. Cada gambiarra!
No nosso quarto duas coisas nos chamaram a atencao. Primeiro a privada, ou melhor, uma torneirinha que saía de dentro da privada. Pela posicao, conluímos que aquilo serve para lavar o “giló” de forma prática e, literalmente, direcionada. Já a segunda foi um adesivo colado na parede logo acima da TV. Pela posicao da flecha concluímos que aquele adesivo é um guia para os muculmanos se voltarem para Meca na hora de rezar. Outra sugestao? (((-:
Depois de “aportarmos”, chegou a hora de explorar Istambul. Por onde comecar? Mas é lógico que tínhamos que comecar pela comida! Aliás, o que que é aquilo!? Comemos tanto, mas tanto, mas tanto, que até passamos mal à noite. Aquilo sim que é Humus, meu Deus! E aqueles paes… a pizza turca… ai ai ai. Mas a cerveja e o café turco eu deveria ter dispensado (rs). Fomos à um restaurante super agradável pertinho do Hotel. Nesse dia a cidade ainda estava bem tranquila e o restaurante praticamente vazio, logo fomos tratados que nem sultao, comecando pelo lugar onde nos sentamos pra comer, que mais parecia a mesinha do sultao da diretoria. Mas nossa maior surpresa lá nem foi tanto a comida, mas sim o atendimento em PORTUGUÊS! Sim, tinha um “Mohamed” lá que morou 6 meses no Brasil (SP) e trabalhou em um restaurante turco lá. O cara ficou super feliz quando dissemos que éramos brasileiros e ficou lá papeando com a gente naquele português que me lembra meu alemao há um ano atrás (rs). A comida e o papo estavam taaaao bons que até esquecemos de tirar fotos, mas segue uma do dia seguinte no mesmo restaurante só que nese dia o nosso aposento já estava ocupado. )))-:
Foi nesse restaurante que percebi como estou carente de “gente como a gente”. O pessoal do restaurante foi tao atencioso, tao caloroso, os olhos daquele povo sorriem como os nossos quando a gente se fala, eles te tocam (tá, às vezes até demais), conversam muito uns com os outros durante o trabalho (tá, por isso tem que trabalhar mais horas), sao carinhosos, alegres, engraçados, fazem a gente realmente se sentir “servido”. Me senti tao bem naquela atmosfera como há muito tempo na me sentia em lugar nenhum por aqui que quaaase abracei os caras, mas ai o bom-senso falou mais alto e o Rô também. (rs)
No outro dia comecamos nossa jornada “turista”, apesar do dia nao estar nada convidativo. Andamos por praticamente toda a cidade velha, mas nao entramos em dois lugares ditos imperdíveis, mas depois explico o “causo” (rs). Também nao tirei muitas fotos no primeiro dia descrito anteriormente, porque esqueci de carregar a bateria da máquina. Tá, fui meio “Blöd”. (((-:
Grand Bazaar (Grande Bazar)
Nossa primeira parada foi o FANTÁSTICO “Grand Bazaar”. A Turquia definitivamente se encontra ali. É um mercadao gigaaaante com uma atmosfera extremamente exótica e com produtos maravilhosos. É um dos maiores e mais antigos mercados cobertos do mundo. Foi inaugurado em 1461 e expandido várias vezes. Hoje conta com mais de 4000 lojas.
O que mais me encantou foram esses lustres da foto abaixo. Pois é, seria melhor ter me apaixonado por algo mais fácil de transportar, eu sei, mas nao tem problema, já tenho idéias pra produzir algo parecido quando chegar ao Brasil. Quem disse que só china é bom na cópia? (((-:
Andando pra lá e pra cá você fica tonto com os turcos servindo chá em bandejinha como a da foto abaixo. Eles nao param de recarregar os copinhos com o tal chá turco. Depois de ver o tanto que eles bebem esse chá e o tanto que esse chá é, para meu fino paladar, forte, fico me perguntando quantos porcento da populacao turca sofre com pedra nos rins. Vai tomar chá assim lá na Turquia, viu (rs)!? Ah! Aproveitando a foto, observem também a altura das mesas e banquetinhas nesse café. Isso é super comum por lá. Eu gosto, afinal sou da tribo dos “perna-curtas”, mas o Rô que é um pouquiiiinho maior que eu achou super desconfortável. Enfim, gostando ou nao achei um detalhe interessante da cultura local.
Chegamos cedo, pois diz a lenda que os turcos e árabes sao mais generosos nos primeiros negócios fechados do dia, pois acreditam que se começam bem, vao daí pra melhor até o final do dia. Teve um que deixou a gente até com peso na consciência, pois fomos os primeiros possíveis clientes, mas decidimos nao levar o produto e ai ele nos disse que aquela tentativa frustrada de venda ia arruinar o dia de negócios dele. Curuzes! Sai pra lá zica! (rs)
Bom, nao compramos muita coisa nao, afinal fomos pra Turquia pra bater perna e nao pra fazer shopping. Maaas só pra deixar os “Mohameds” e os “Ahmeds” felizes comprei um cashimir pra mim (foto na Mesquita Azul) e o Rô comprou um instrumento de cordas turco super interessante (foto na próxima parada da viagem: Capadoccia).
É uma experiência maravilhosa se perder naquela variedade de cores, formas e sons. Negociar é que é a parte complicada e que exige uma paciência de Alá, pois os caras sao jogo duro. Por isso, reserve, no mínimo, 5 horas pra explorar o mercadao e ainda comprar algo por lá. Visitar o Grand Bazar é OBRIGATÓRIO pra quem passar por Istambul, o resto é complemento. Pode acreditar! (((-:
O mais engracado foi andar sem rumo lá dentro e todos nos perguntávamos de onde éramos (tá, eles fazem isso com todos turistas), mas quando dizíamos que éramos do Brasil nao é que os “Mohameds” soltavam várias palavras em português do Brasil! Eu fico eufórica com isso, pois quando morava no Brasil nao tinha noçao de como somos, em geral, queridos mundo à fora. Sim, temos algumas famas nada positivas, mas, no geral, quando você diz que é brasileiro, a galera vibra como dizendo: “Chegou a galera da bagunça, do samba, do futebol e da caipirinha!” (rs).
Blue Mosque (Mesquita Azul)
Só por Alá! Nunca vi um templo religioso tao MARAVILHOSO na minha vida! Sério, nao estou exagerando. A Mesquita Azul foi construída pra botar a famosa na época Igreja de Santa Sofia (Aya Sofia – hoje museu) no chinelo. É verdade! Pelo menos foi essa a intencao do Sultao que mandou contruí-la.
A Mesquita Azul ou também chamada de Mesquita de Sultão Ahmet é um triunfo em harmonia, proporção e elegância. Ela foi construída em um estilo clássico otomano e se encontra bem em frente do atual museu de Santa Sofia (sua rival) no bairro famoso de Sultan Ahmet.
As mesquitas geralmente eram construídas com um intuito de serviço publico. Existiam diversos prédios ao lado da Mesquita Azul que incluem: escola de teologia, uma sauna turca, uma cozinha que fornecia sopa aos pobres, e lojas, as quais forneciam capital para o sustento da mesma.
Ao entrar a Mesquita é necessário tirar os sapatos. Aliás, é inevitável observar a galera muculmana lavando os pés antes de entrar nas mesquitas. Eles lavam os pés, os rostos e as maos. Por isso, em toda mesquita existe uma área “lava-pés” do lado externo próximo à porta de entrada. Eles fazem isso para manter o local de oracao limpo e também como uma forma de “se purificar” antes de entrar no templo. É tipo um lance de respeito mesmo. Eles sentam no banquinho e apoiam o pé na muretinha logo abaixo da torneira.
Como a Mesquita Azul é aberta ao público nos horários fora dos horários de reza dos muculmanos (sao 5 vezes por dia e os horários você vê logo na entrada da Mesquita), eles tem uma estrutura bem legal para turistas. Chegando na entrada para visitantes tivemos que tirar nossos sapatos (sim, nada de meia furada!) e lá mesmo encontramos um lugar onde pudemos pegar uma sacolinha de plástico para colocá-los. Logo que entramos, vimos umas prateleiras cheias de sacolinhas com sapatos e ai seguindo a intuicao fizemos o mesmo. Minissaias, bermudas ou camisetas sem mangas não são recomendados, ou melhor, sao “no go” mesmo. O lenco na cabeca nao é obrigatório e ninguém olha torto pra você, caso decida entrar sem. Aliás, nao me senti sendo observada por nao estar com o lenco em momento nenhum em Istambul. Na verdade percebi que eu e o Rô passamos por turcos fácil fácil (rs). Mas eu decidi usar meu cashimir só pra aparecer mesmo (rs).
O interior da mesquita é completamente revestido com azulejos azuis maravilhosos e possui ricos vitrais também do mesmo tom. O chao é 100% coberto por um tapete fofissímo vermelho com detalhes! Assim, até eu ficava ali rezando horas naquele tapete fofiiiiinho. Aliás, minha maior e talvez única dificuldade em virar muculmana seria minha falta de senso de direcao. Já pensou ter que toda vez saber pra que lado fica Meca? Pois é, o Alcorao teria que vir com bússola pra pessoas como eu. (((-:
Outra coisa super interessante e intrigante nas Mesquitas é que homens e mulheres rezam em lugares separados, embora o horário e o local seja o mesmo. Na foto abaixo é possível ver uma mulher direcionada para as prateleiras onde deixamos os calcados, certo? Pois é, atrás dessas prateleiras tem uma área minúscula em relacao à área total da Mesquita onde as mulheres rezam. Perguntamos para um turco porque eles rezam separados e ele nos disse: “Imagina você rezando e vendo uma bunda subindo e descendo na sua frente.” Bom, acho isso foi auto-explicativo, né!? (((-:
Nargilódromo
Estávamos andando perto do hotel onde estávamos hospedados quando vimos um lugar bem escondido onde pessoas entravam e saiam. A entrada era escura e ao lado ficava um cemitério. Cheguei a pensar que era uma galeria para fazer compras ou até mesmo uma extensao do cemitério, mas nao, era um lugar fantástico onde as pessoas se reunem pra fumar o famoso Nargile. Curiosos até a tampa, entramos.
Eram vários estabelecimentos colados um ao outro, com várias pessoas sentadas fumando Nargile e conversando. A atmosfera estava meio esbranquiçada por causa da fumaça exalada pelos fumantes, mas o cheiro era adocicado e encantador gracas às essências que impregnam os tabacos consumidos. As essências sao feitas a base de frutas como maça, banada, abacaxi, ou também de ervas como hortela, erva doce, etc.
O Nargile é uma parte muito importante da cultura turca, fazendo parte da vida deste povo desde muitos séculos atrás. Fumar Nargile é relativamente simples e, acreditem, agradável, mas prepará-lo requer um pouco mais de paciência e conhecimento. É composto de 4 partes: “Rüle” (a parte onde se coloca o tabaco puro ou com essência), “Ser” (parte larga e comprida), “Marpuç” (o cano) e “Sise” (o pote onde se coloca a água). O elemento principal é, sem dúvida, o tabaco chamado “Tömbeki”. E agora talvez para melhor atender os turistas, os caras também oferecem uma ponteira individual e descartável que vem lacrada em um saquinho para encaixar no bocal. Gostei da idéia, afinal é um tal de botar a boca no negócio que só vendo. (((-:
Nao fumo cigarro e odeio o cheiro e o sabor, mas o Nargile utilizando tabaco com essência de maça realmente me deixou saudades. Ah! Eles nao colocam a essência por cima do tabaco como eu imaginava. O tabaco já vem em caixinhas com dezenas de essências diferentes e é possível comprar em qualquer lojinha por lá.
Obelisco Egípcio
Existem obeliscos egípcios em várias cidades européias, como Roma e Paris. Os egípcios tinham o maior trabalhao para fazê-los e depois vinham os “conquistadores” e pilhavam essas obras e plantavam como monumentos em suas cidades. O Obelisco de Teodosio está super bem conservado apesar de ser o monumento mais antigo de Istambul. Ele foi talhado no Egito em 1479 a.c. (isso mesmo, tem quase 3500 anos!) e foi colocado, a princípio, no Templo de Amón-Re em Karnak /Egito.
Bem deopis do nascimento de Jesus Cristo, no ano de 390 d.c., o imperador Teodosio mandou trazer o obelisco para, naquele tempo, a ainda Constantinopla. O obelisco era gigante e pra tranportá-lo foi preciso cortá-lo e todo o translado deste desde o Egito até a Turquia é ilustrado na base deste.
Comeu-morreu turco
Após parada para ver os detalhes do Obelisco, bateu uma fome. Como estávamos com pouco tempo, decidimos encarar algo do tipo “comeu-morreu” na beira do Estreito de Bósforo mesmo embriagado pela mistura de fumaça de óleo diesel dos motores e azeite queimando. Estávamos andando procurando algo para comer quando de repente senti um cheiro de peixe frito daqueles que hipnotisam qualquer um que ama peixe como eu. Indo pelo faro chegamos em uma barraquinha que estava vendendo muito desse peixe frito em um pao com salada. Detalhe que naquela barraquinha só tinha gente com cara de local e, segundo o Rô, com cara de desbravadores, pois pra comer aquele peixe tinha que ter coragem ou, como eu, muita fome. Pedi um, comi tudo e ainda lambi os beiços de tao bom que estava. O Rô ficou pasmo com minha coragem e nao aceitou nem um pedacinho, mesmo vendo que a banquinha do turco estava bombando. Mais pra frente vimos um monte de barcos tipo “vem pra cá turista” vendendo o mesmo tipo de lanche, mas numa versao muito mais “fancy” só pra turistaiada. Eu, particularmente, prefiro o local. (((-:
Passeando de Ferry entre o Ocidente e o Oriente
Atravessar do lado Oriental para o lado Ocidental de Istambul (ou vice-versa) utilizando o servico de ferry é totalmente normal. A travessia dura aproximandamente 30 min. e você ainda pode dizer que fez váááários cruzeiros no Mar de Marmara. A viagem é tranquila, o ambiente limpo e agradável, o preço é justo (é o preço de uma passagem de metro), o tempo de espera entre um e outro é relativamente curto, mas o banheiro… enfim, o banheiro é fossa turca. É rezar e agachar ou vice-versa. Sim, isso merece um tópico especial. (((-:
Fossa Turca
Estar na Turquia te proporciona experiências fantásticas que exigem de você um pouco mais de desprendimento e de equilíbrio físico também. Uma dessas experiências é a utilizacao das legítimas fossas turcas. Eu nao esperava encontrar tantas, mas a boa notícia é que quanto mais você usa, mais você comeca a ver pontos positivos.
A fossa turca é o famoso “buraco no chao” feito para despositar necessidades fisiológicas. Sim, já usei algo do tipo no Brasil, mas tenho que admitir que ainda temos muito pra aprender com os turcos. As fossas turcas da Turquia geralmente sao cobertas com uma peça de cerâmica ou peça de aco-inox com ondulaçoes, o que te ajuda a nao escorregar. Além disso, normalmente tem uma torneira com uma jarra que você deve usar para jogar água após fazer sua obra de arte, tornando o ambiente menos “medonho”. Nessa cabine o interessante também foi ver que a escovinha que deveria estar no suporte nao estava lá. Alguém ainda tem dúvidas de que ela também foi pro buraco (rs)?
A parte mais difícil foi, pra mim, levantar depois de alguns minutos agachada. Pois é, quem tem varizes mesmo que adormecidas sabe do que estou falando. Ficar agachada muito tempo nao é nada perto do que passamos na hora de esticar as pernas novamente. Afff…
A fossa turca tem um aspecto feioso e o cheiro no local nao é dos mais agradáveis, mas se pararmos pra pensar ela pode ser muito mais higiênica dos que nossas privadas, uma vez que, na fossa turca, você nao senta no trono público. Algo interessante pra refletir, mas fiquem tranquilos que em casa manteremos as privadas. (((-:
Cemitério Turco
Os cemitérios turcos sao lindos com essas colunas cheias de coisas escritas em árabe. Eu fiquei encantada com eles, por serem diferentes de tudo que eu já tinha visto até hoje em cemitérios por ai. Um dos cemitérios na Turquia na regiao de Seljukian está prestes a entrar na lista de Patrimônios da Humanidade da UNESCO.
Yerebatan Sarnici (Cisterna Yerebatan)
A “Basilica Cisterna” muitas vezes passa desapercebida pelos turistas em Istambul e isso é sim uma pena, pois vale a visita. É uma cisterna gigante construída durante o Império Bizantino (527-565). Parece um castelo subterrâneo, com colunas brotando das suas águas.
Existem vááárias histórias sobre esse legado histórico, mas nada comprovado, ou seja, mais algumas centenas de hipóteses de historiadores espalhados pelo mundo todo. Mas dentro de todas hipóteses, as mais interessantes dizem respeito à presenca de duas cabecas de medusa que servem como base de duas colunas. Foi o que mais me chamou a atencao ali naquela cisterna, pois fiquei tentando ver uma relacao entre a medusa e aquele lugar. Bom, segundo os historiadores, a cabeça da medusa era utilizada como forma de proteçao antigamente. Pois é, todos tinham medo de olhar pra ela para nao se transformarem em pedra, mas ao mesmo tempo muitos utilizavam isso justamente para afastar os inimigos medrosos. Aliás, dizem que a medusa era uma mulher muito bonita e amava Perseus (filho de Zeus). Mas a Medusa se deu mal, pois Atenas também se apaixonou pelo cara e decidiu amaldiçoar a Medusa transformando seus cabelos em cobras horríveis. Pois é, ai Perseus vendo que a sua amada Medusa agora tinha o poder de transformar a galera em pedra, decidiu cortar a cabeça dela e levar para todas suas batalhas, o que o ajudou e muito a derrotar seus inimigos empedrados. Uma história tao romântica, né!? (((-:
Mas, voltando à explicaçao do por quê das cabeças de Medusa na cisterna, tenho que dizer que concordo com os cientistas que afirmam que estas só foram colocadas ali porque os caras precisavam de um apoio mais forte nas duas colunas onde estao posicionadas.
Mercado Egípcio
O Mercado Egípcio, apesar do nome, talvez nao tenha nenhum egípcio trabalhando lá. Esse nome se refere ao papel do mercado na época do Império Otomano. Era aqui que se vendiam as especiarias egípcias no período do império. Foi construído em 1660 para financiar a construcao de uma das mesquitas.
A atmosfera é bem das arábias mesmo. É impressionante a quantidade de especiarias que você pode encontrar ali e a forma de negociacao é a mesma, ou seja, tem que ter muuuuita paciência.
Aya Sofia (Hagia Sophia)
O famoso museu Aya Sophia (que era uma mesquita) é super famoso e seu interior DEVE ser muito mais bonito do que seu exterior.
Sim, DEVE. Pois é, nao conseguimos visitá-lo, pois perdemos a noçao do tempo sentados, comendo e conversando em um restaurante maravilhoso com almofadinhas de Sultao absurdamente confortáveis. Entao fica a dica: evite restaurantes como este para nao deixar de visitar as atracoes da cidade OU reserve, no mínimo, dois dias só pra comer e desfrutar por lá. Os dois juntos é uma tarefa relativamente complicada. Vai por mim! (((-:
Entao pra saber mais sobre ele vocês vao ter que pesquisar em outras fontes como esta. Eu aqui só posso dizer que a fachada é bem feinha, mas que o que acontece em volta é bem interessante. Tem muitos vendedores de paes (abaixo) e do chá turco como o cara na carrocinha na frente do museu na primeira foto.
Topkapi Palace (Palácio Topkapi)
O castelo Topkapi também deve ser muito bonito e esse, eu tenho que admitir, morri de arrependimento por nao ter conseguido visitar também por causa da comelância. Neste site você pode ver ele direitinho. O site é em inglês, mas se nao souber inglês vai clicando na intuiçao pra ver todas imagens.
É isso. Istambul é isso tudo e mais um pouco. É um lugar que vale a pena conhecer e que irá sempre trazer muitos questionamentos e reflexoes sobre a história do mundo, sobre os valores pregados por uma cultura milenar e até mesmo sobre nós e nossos referenciais ocidentais muitas vezes demasiadamente arrogantes e ignorantes.
Tire mais que fotos, tire proveito cultural. (((-:
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