MBA – “Wirtschaftsrecht” (Direito)

Wirtschaftsrecht

Acabou (por enquanto) o pesadelo. Só nao foi pior porque o professor era simplesmente o MÁXIMO. Eu sempre imaginei que estudar direito (seja em qual lingua for) deveria ser um tédio, mas mudei completamente de opiniao.

Sim, nao entendi quase nada durante as aulas, mas que eu me diverti, ahhhh me diverti mesmo. Nunca ri tanto em uma aula, como ri nas minhas aulas de direito. Tá, talvez estava rindo de desespero, mas enfim. (((-:

Durante as aulas fiquei em evidência e nao foi só porque sou um pitelzinho, mas porque sou brasileira. Pois é, em se tratando de tratados internacionais de comércio, o Brasil muitas vezes é o “do contra”. Tem o tratado internacional “United Nations Convention on Contracts for the International Sale of Goods (CISG)” que regulamenta atividades de importacao/exportacao entre os países membros e, o Brasil, Portugal, países africanos e Inglaterra sao alguns dos países que nao fazem parte. Ai é lógico que o professor ficava toda hora falando do Brasil, olhando pra mim e fazendo graca. Além disso, ele veio também com outra piadinha relacionada à nossa cultura sobre a pontualidade. Me perguntou quanto tempo de atraso é tolerado em um encontro no Brasil e eu disse que em SP meia hora de atraso é normal para um encontro informal. Depois ele ficou falando para os meninos nao esquecerem disso quando forem sair com brasileiras, é mole? Bom, mas pelo menos isso é verdade na maioria dos casos. (((-:

Ontem foi a prova, após 3 semanas lá estava eu com meu “Gesetzbuch” (Código Penal) todinho em alemao e todinho carnavalesco. Cheio de papéis coloridos marcando as páginas onde estavam as leis relacionadas à tópicos estudados. Sim, além dos papéis tinham váááárias observacoes minhas escritas no livro sagrado, pois afinal sou humana, né?

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Cheguei lá com aquela sensacao básica que sempre tenho antes de provas e apresentacos: vontade de ir ao banheiro. Entenderam, né? É desesperador, mas (gracas à Deus) controlável. Sentei de cara pro gol, ou seja, pro professor. Sim, sempre faco isso, pois assim ninguém pode dizer que a brasileirinha passou só porque provavelmente colou. Penso em tudo e sei que o preconceito existe, logo se eu puder nao alimentá-lo, melhor pra mim. Pois é, passei em todas matérias até agora e eles e eu sabemos que EU passei. (((-:

Pois bem, recebi a prova e na primeira questao me deu pânico. Sei lá. Sempre dá em alemao. Você fica meio desesperado, pois sabe que 3 horas de prova para os alemaes significa 1 hora pra você, pois você demora muito mais pra entender qualquer coisa ou pra encontrar qualquer lei que seja. Depois de 5 minutos já comecei a rabiscar a prova. Depois de 15 minutos o alarme de incêndio disparou no prédio. É mole? Ficamos lá, um olhando pra cara do outro por um minuto, até que o professor nos pediu pra deixar nossas coisas na sala e irmos (por questao de seguranca) todos pra fora do prédio (um puta frio!!!!). Ficamos aprox. 15 minutos lá fora, conversando sobre coisas triviais como, por ex., a resposta da questao 1 e 2, pois quase ninguém tinha lido ainda as 2 últimas. (((-:

O alarme continuou apitando e a secretária veio falar pra gente que algum peao que estava arrumando alguma coisa de tubulacao ou sei lá o que no prédio, acionou o alarme sem querer. Jacú! E pior, pra desacionar nao é tao simples e rápido, ou seja, nao havia a menor previsao de quando aquele apito insuportável ia acabar.

Eis que o professor pede para todos voltarem pra sala. O apito gritando e eu já ficando irritada. Entao o professor comecou a nos propor algumas coisas gritando, pois o apito estava MUITO alto. Eu nao tinha ouvido nada, mas de repente o apito parou. Ufa! E foi entao que o professor nos deu duas opcoes e uma noticia ruim. Disse que poderíamos decidir ir embora e fazer a prova em outro dia ou poderiamos continuar fazendo a prova, mas que uma banca examinadora vai decidir sobre a validade dessa ou nao, uma vez que tivemos tempo de “trocar informacoes”, o que nao é lá muito permitido nessas situacoes. Lógico que ninguém desistiu de fazer a prova e continuamos todos ali, suando a camisa.

Se eu fui bem? Como sempre, nao faco a menor ideia, mas sai TAO FELIZ da prova! Sai rindo sozinha e pensando: “Meu Deus eu entendi tudo que foi perguntado!!!!”. Isso mesmo, se eu errei, errei consciente ou errei porque nao entendi as leis mesmo. Se é difícil? Bom, já leram as leias brasileiras? Pois é, já nao é nada fácil entender, agora imagina isso em alemao. Nao consegue imaginar? Entao segura essa:

“§439 Absatz 3 – Der Verkäufer kann die vom Käufer gewählte Art der Nacherfüllung unbeschadet des §275 Abs. 2 und 3 verweigern, wenn sie nur mit unverhältnismäßigen Kosten möglich ist. Dabei sind insbesondere der Wert der Sache in mangelfreiem Zustand, die Bedeutung des Mangels und die Frage zu berücksichtigen, ob aud die andere Art der Nacherfüllung ohne erhebliche Nachteile für den Käufer zurückgegriffen werden könnte. Der Anspruch des Käufers beschränkt sich in diesem Fall auf die andere Art der Nacherfüllung; das Recht des Verkäufers, auch diese unter der Voraussetzungen des Satzes 1 zu verweigern, bleibt unberührt.”

Enfim, mais uma prova feita. Mais um passo adiante. Mais um motivo pra dizer: EU CONSEGUI!!!!

E atencao, agora tô ninja nas leis, entao fiquem mais espertos comigo, porque bobeou tô processando. (((-:

MBA – Comeeeça o jogo: 2o Semestre

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O semestre comecou no dia 29 de setembro de 2009, mas meu grupo decidiu se reunir um dia antes pra fazer um “social”.

O encontro aconteceu em Reutlingen, na república estudantil e, inacreditavelmente, quase todos do grupo estavam presentes. Foi uma festinha com o tema sugerido por nossa colega egípcia: 1001 noites. Ela trouxe várias comidas típicas do Egito diretamente de lá. Sim, ela é doidinha! No fim teve que despachar uma mala nao sei como para a casa de um dos nossos colegas, pois nao podia trazer 3 malas. Na ida pra lá ela também levou 3 malas e acabou pedindo para um desconhecido na fila do aeroporto para levar a mala no nome dele. Segundo ela, no Egito isso é super normal. Nao duvido nada. (((-:

Enfim, comemos muitas comidas típicas de lá, incluindo quibe e esfiha. Nao cheguei a provar todas, até porque senti que todas tinham o gosto muito semelhante e, nao me pergunte por que, tinha alguma coisa ali no meio que nao agradou meu “requintado” paladar.

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Ela também comprou um nargilé pra gente “fumar”. Eu nunca tinha provado e, sinceramente, achei ruim e sem graca. Mas é lógico que registrei o momento, afinal nao é todo dia que se fuma nargilé ao lado de uma egípcia legítima. (((-:

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Foi uma noite agradável, mesmo a turma tendo se separado em alemaes e estrangeiros como sempre. Eu nao tinha reparado, mas durante a semana alguns estrangeiros falaram sobre essa “segregacao” e eu simplesmente disse: “Putz nem percebi, ou seja, pra mim isso já nao é mais novidade e muito menos algo importante”. Pois é, no comeco isso me incomodava horrores, mas agora resolvi aceitar isso como algo normal e assim vivo muuuuito melhor.

O gostoso mesmo foi reencontrar os “mais chegados” e ver nos olhos deles que eles realmente sentiram falta de mim e ali descobri que, de alguma forma, também senti falta deles. Sim, é delicioso chegar em um lugar antes estranho e até mesmo desconfortável e perceber que o lugar é o mesmo, mas as pessoas mudaram e mudaram (inclusive eu) pra melhor. É delicioso ver que também ali fiz amigos, com os quais me sinto à vontade e com os quais aprendo cada dia mais. É bom ter alguém com quem dividir a vitória, alguém que um dia lembrará que vencemos juntos apesar de todas dificuldades pessoais e culturais. Sim, estou feliz! (((-:

Bom, passando do sentimentalismo para o “embriaguentalismo”, é lógico que dei minha humilde contribuicao alcoólica na festinha levando nao só a cachaca, mas também as cabacinhas pra beber. O povo se divertiu na bagaca, ops, na cabaca. (((-:

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Embalando no papo alcoólico tenho que admitir que já ganhei fama de bebum e olha que eles NUNCA me viram bêbada. Tanto é que ganhei da minha amiga Karuna (Laos) um chocolate que vem com “Glühwein” (vinho típico daqui), enquanto para mais 4 integrantes da “quadrilha” ela deu um chocolate sem nada. Por que será, né!? (((-: O chocolate além de já vir com as devidas proporcoes alcoólicas, é super criativo. É um cubo de chocolate que vem já com a colher fincada e com a dose separada de vinho, bastando introduzí-lo (ui!) em uma xícara com 200mL de leite (coisa de alemao citar essa medida, eu sei), mexer bem e tomar. Nao é tudo!? (((-:

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Enfim, festa deliciosa, chocolate maravilhoso e inovativo e apenas um problema no final. É que cheguei em casa já era meia noite e só fui dormir à uma da manha pra acordar às 5:30 hs. E pior, a matéria que estamos tendo é massacrante e me exige mais (no mínimo) 3 horas de estudo diário de casos por dia, ou seja, só fui conseguir dormir mesmo de quinta pra sexta, já que sexta nao tinha aula.

Enfim, comeeeeeeeca o jogo e acaaaaaaaba a vida boa. (((-:

MBA – Final do 1o semestre

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Sexta-feira (10.07.09) foi minha última prova do primeiro semestre do MBA e meu último dia também. Eu estava absolutamente inebriada de alegria, até mesmo antes de fazer a prova. Na verdade, eu já estava feliz pelo que tinha alcancado até ali e nada e nem ninguém conseguiria me derrubar naquele momento. Maaaas TUDO nessa vida pode ser melhor, ou seja, hoje acabo de receber as notas da última prova e…. tchan tchan tchan tchan… PASSEI EM TUUUUUUUUDO!!!!!!!!!!!!!!!!!! ((((((((((((((((((((((((((((((((((((((((-:

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Bom, mesmo antes de saber disso já providenciei muitas comemoracoes que pelo jeito só vao terminar em outubro. A primeira foi na Uni. Eu parecia uma boba alegre, mas fiquei feliz por ter botado pilha na galera e ter visto que todos precisavam daquilo. Pois é, 2 semanas antes do final NINGUÉM tinha agitado absolutamente nada para o último dia, nem ao menos se falou em foto do grupo, mas é pra isso que serve brasileiro: pra fazer a festa! Mandei um email pra turma e, apesar de quase ninguém ter respondido (percebi que alemao nao gosta muito de responder emails..hehehe), no último dia percebi que todos concordaram com a idéia e resolveram festejar e, além disso, pra minha surpresa estavam todos (de repente) empolgadissímos com as fotos. Foi o dia mais gostoso do semestre, onde eu senti o nosso grupo pela primeira vez como um grupo. Por isso insisto em dizer que vale a pena sempre tentar algo que seja para promover felicidade, mesmo que você corra o risco de ser ignorada ou até mesmo xingada. Dessa vez nao foi diferente, botei a cara pra bater e a vida mais uma vez me acariciou. (((-:

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Agora vou falar um pouco (se é que possível) desse primeiro semestre e de tudo que observei e que vivenciei até aqui no quesito intercultural. O post é gigante, mas JURO que vale a pena ir até o final. Vem comigo! ((((-:

Bem, como muitos sabem, estudei apenas um ano alemao na escola e no outro ano estudei em casa para fazer o tal teste de proficiência (TestDaf). Fora isso, a única coisa que fiz (e a mais importante) foi fazer amizade com alemaes e estrangeiros, pois assim pude praticar o alemao me comunicando com essas pessoas (sim, quase nao tinha colegas brasileiros), com quem mantenho contato até hoje. Mas o vocabulário que eu tinha era apenas pra fazer amigos (que pra mim é o mais importante..ahaha), mas nao era apropriado ou suficiente pra discutir economia, política, administracao de empresas, contabilidade e etc.

Pois é, mas no MBA meu vocabulário pra fazer amigos também foi muito útil, justamente pra ter alguém pra quem perguntar TUDO que eu nao entendia, sem parecer interesseira, afinal nao conversávamos somente sobre coisas do MBA, mas sim sobre tudo relacionado às nossas vidas pessoais. E isso ajudou um bocado a ganhar aproximacao e apoio de muitos dos meus colegas. Foi mágico poder conhecer pessoas abertas à fazer amizade de verdade, pois isso é cada vez mais raro e odeio amizades superficiais, onde as pessoas só falam de banalidades o tempo todo, mas nao se preocupam de verdade com o outro. Por isso digo que fui mais uma vez abencoada com os serzinhos que pintaram no meu caminho. (((-:

Nos primeiros dia me senti um pouco perdida, afinal era tudo novo e nao é fácil saber com quem se pode contar. Fiquei na minha e logo meus anjinhos comecaram a me apresentar pessoas maravilhosas, que se aproximaram de mim espontaneamente e logo se tornariam essenciais. Com o tempo fui reconhecendo em outros colegas potenciais amigos e nao esperei muito para fazer a aproximacao sempre recompensadora. Tive decepcoes também, mas essas nao contam, pois sempre acontecem e nao podemos dar peso à elas. Sai zica! (((-:

A minha sorte é que esse curso é um mesclado de estrangeiros e alemaes, ou seja, estou convivendo (como queria) diariamente dentro da cultura alema, mas, por outro lado, também estou (como sempre quis) convivendo com gente do mundo todo. Olha só os países presentes até agora: Alemanha, Brasil, Equador, Bulgária, Ucrânia, Bielo Rússia, Rússia, Índia, China, Korea, Grécia, Camaroes, Romênia, Albânia, Egito, Laos e Cazaquistao. Nao é o máximo!? AMO!

A presenca de estrangeiros é ótima, pois nós nos entendemos por estarmos vivendo a mesma situacao. E a importância de ter estrangeiros já fica clara logo no primeiro dia de aula, pois tivemos uma separacao instantânea entre alemaes e estrangeiros logo no comeco. É triste, mas é natural. No comeco eu era meio crítica em relacao à essa segregacao, mas com o tempo você percebe que ela é natural e comeca a aceitá-la, mesmo nao concordando que as coisas tenham que ser assim. É natural, pois em cada continente existe uma cultura diferenciada, logo o modo de pensar e analisar é também diferente. Aos poucos, você vai descobrindo que é diferente, mas que também existem semelhancas e só entao é que alguém de um continente se torna amigo de uma pessoa de outro continente: por causa das semelhancas. Eu mesma estou vivendo isso, pois conheci muita gente bacana, mas minha “melhor amiga” no curso é a Raquel, uma equatoriana. AMO conversar com ela, pois ela me entende 100% e vice-versa. Mas sei que ela só me entende, pois temos os mesmos pontos de referência, ou seja, conseguimos olhar para o mesmo lado e quando conversamos nao é preciso explicar muito sobre o que estamos falando ou interpretar, simplesmente absorvemos e respondemos espontaneamente. A conversa dessa forma é deliciosa e isso nao acontece com os demais. Dentro das culturas presentes no meu grupo, as que achei o modo de pensar mais próximo do nosso veio de um chinês e de uma egípcia do Cairo (bem moderninha) muito doida. Eles sao realmente ótimos e a cada conversa, descubro mais semelhancas e fico mais apaixonada pela cultura deles e vice-versa.

Mas, sem dúvida, o mais interessante é estar convivendo com os alemaes todo santo dia. Sim, existem muitos alemaes bacanas e que te ajudam, mas nada vem tao fácil. Sao 12 alemaes e a aproximacao foi difícil com todos eles e ainda é com alguns deles. Sao pessoas, NO GERAL, muito reservadas e demora até te darem um voto de confianca. No comeco teve umas duas que pareciam ser SUPER bacanas e abertas, mas com o tempo descobrimos que sao duas cobrinhas criadas. Nao fiz nenhum super-amigo-alemao, mas fiz alguns colegas que sao pessoas bem bacanas e que me ajudaram sempre que eu pedia e, pasmem, até mesmo sem eu pedir. Mas essa aproximacao nao foi à toa, ou seja, só ganhei “pontos” porque eles perceberam através de trabalhos em grupo que fizemos que eu nao brinco em servico. Viram que me dediquei 100% ao trabalho, inclusive deixando de dormir pra finalizar o que faltava. Isso foi muito claro pra mim, pois até entao nao tinha muita esperanca que eles se aproximassem, mas depois desses trabalhos a comunicacao ficou muito melhor e isso me soou como “recompensa”. ((((-:

É como eu sempre digo, a cultura alema pode nos ensinar muito, mas eu ainda tenho certeza que eu nao faco parte “disso”, pois sou MUITO MAIS brasileira. Aliás, uma vez minha colega Karuna (Laos) me mandou um email dizendo: “Maira, du erfüllst wirklich das Klischee einer brasilianerin” (Maira, você preenche de verdade o clichê de uma brasileira). E é a mais pura verdade! Mas, mesmo assim, tenho que dizer que já mudei um pouco por causa da convivência com a cultura alema e isso eu nao tenho como fugir. Vou citar alguns pontos abaixo sobre o que identifiquei nessa cultura nesse semestre e ai já digo o que “peguei” e o que nao “pegou”:

– Plaquinhas de identificacao: primeiro dia de aula, o professor pediu para escrevermos nosso nome em um papel e posicionar na mesa para que ele e nós fossemos nos acostumando com o nome dos colegas. Eu peguei o papel e escrevi simplesmente meu nome, ou seja, “Maira”. Já os alemaes escreveram ou apenas o sobrenome ou o nome inteiro de trás pra frente, ou seja, primeiro o sobrenome e depois o nome. Eu nao faria e nao farei isso. (((-:

– Garrafa d´água: desde a época em que fiz cursinho peguei a mania de sempre levar uma garrafinha de água sem ser gaseificada de 500/600mL pra todo lugar e agora na Uni nao é diferente, ou seja, sempre estou com a minha garrafINHA “dabei” (junto de mim). Mas se quer diferenciar um alemao de um brasileiro (por exemplo), é só olhar a garrafa de um e de outro. Os alemaes TODOS (pelo menos na minha sala) levam garrafas de 1 litro de água COM GÁS e TODOS compram da mesma marca. Nao me pergunte por quê. (((-:

– Bater na mesa: ao final de TODA aula, meus colegas “batem palmas em alemao”. Hein? Pois é. Já contei sobre esse costume alemao em um dos posts, mas vou explicar de novo. Ao final de reunioes, aulas ou apresentacoes os alemaes costumam bater na mesa, como forma de “bater palmas”. Sim, é aquele bater na mesa tipo “isola” pra gente. Estranho? Naaada, eu diria sinixxxxxxxxxxtro. Odeio essa mania, pois toda vez que faco uma apresentacao e eles fazem isso no final eu ainda tenho a sensacao de que a apresentacao foi a pior da minha vida. (((-:

– Intolerância: parece ser uma mania cultural reclamar de TUDO por aqui. É impressionante, sério! Eles reclamam o tempo todo e de tudo e pra todos. Tudo que tínhamos que chegar à um acordo, demorávamos horas, pois nunca ninguém está contente e ao invés de partir pra um sorteio ou votacao, nao, eles gostam de discutir até algum estrangeiro propor algo prático (o que é irônico, pois nao existe povo mais prático que alemao). Eu já estava pegando essa mania, mas quando percebi avisei minhas colegas da “Legiao Estrangeira” e decidimos juntas combater esse mal, ou seja, sempre que a gente observa que uma ou outra está sendo contagiada, a gente chama a pessoa pro mundo real e diz: “Ei, você nao é alemao!”

– Síndrome da Participacao: as situacoes mais engracadas aconteciam durante as discussoes fervorosas na aula. Se um falasse alguma coisa, o resto também TINHA que falar alguma coisa, ou seja, podia ser exatamente a mesma coisa que o primeiro falou, mas com palavras diferentes. E ai virava um ciclo vicioso, pois TODOS queriam ter a última palavra e, sim, só os alemaes queriam participar da discussao e enquanto isso os estrangeiros saiam da sala e só voltavam alguns minutos mais tarde. E a mesma coisa acontecia por email. Eu ficava aqui sentadinha, lendo e rindo, pois eu tinha certeza que eles nao iam chegar a conclusao nenhuma e, realmente nunca chegaram. No fim, o representante de sala fazia o que era melhor PRA ELE e o resto passou o resto do curso xingando o cara. (((-:

– Fofoca e falsidade: quando cheguei, acreditava que alemao era o povo mais sincero do mundo. Mas na verdade eu confundi “sinceridade” com “ser direto”. Diretos eles sao e isso é indiscutível, mas sinceros nao necessariamente. Aliás, na minha sala o que “reconheci” gente falsa nao tá escrito no gibi. E como fofocam, meu Deus! Eu sento no fundao, pois AMO ver o que “está rolando” sempre. Fico lá só observando as fofoquinhas, os papeizinhos com recadinhos rolando, as caras e bocas e por ai vai. Tem horas que eu me sinto realmente no jardim de infância vendo as picuinhas. E falam mal de um do outro que é uma coisa. ODEIO! Sim, odeio gente vazia que por ter uma vida desinteressante, fica falando mal dos outros. Isola!

– Melhores que o professor: eu nao sei vocês, mas eu nunca em vi em uma única sala de aula, 5 alunos querendo ser melhor que o professor. Esse item eu ainda tenho dúvida se tem a ver com a cultura ou se isso também existe no Brasil. Sério! Eu fiquei assustada, pois tinha 5 moleques na minha sala (todos alemaes) que interrompiam o professor toda hora e ai explicavam o que o professor tinha acabado de explicar em outras palavras e com tom de pergunta, mas ficava claro pra todo mundo que eles na verdade estavam dizendo “Por que o sr. nao explica melhor essa joca?”. Faziam com quase todos professores, mas dois professores deram uma invertida neles que a galera vibrou, faltando só rolar uma “ola”.

– Minha vida é nota: tem uma expressao em alemao que traduz o que nota de prova significa pra mim “Das ist mir wurst” (Isso pra mim é línguica!). Mas como pra alemao línguica é algo sagrado, com a nota de prova nao é diferente. É impressionante! A nota máxima é 1 e a mínima pra passar é 4, mas vi vários chorando e se lamentando porque tiraram 1,3 , enquanto eu sorria e pulava com meus 3,8. ((((((((-: Tá bom, pra mim 3,8 é uma glória considerando minha situacao, mas mesmo se fosse em português e eu tirasse 2,5 eu já estaria feliz da vida. Agora chorar com 1,3?????? Pior foi uma colega minha a Aksana (Bielo Rússia) que tirou 3,6 e as alemas falaram pra ela que pra passar com essa nota, elas preferiam nao passar e fariam a matéria de novo. E minha colega caiu no choro se sentindo um lixo, mas a “Super-Mairavilhosa” estava lá pra trazer ela pro mundo real e salvá-la do mundo das línguicas. ((((-:

– Roupas: pra mim show de horrores. Bom, já falei sobre isso, mas vamos lá. O que eu já percebi aqui na Alemanha é que eles nao se preocupam (definitivamente) com a combinacao das roupas e acessórios, ou seja, pra eles o importante é que eles se sintam bem e confortáveis. Sério! Sim, tem um lado bom nisso, mas eu prefiro continuar me preocupando em ficar gatinha, mesmo que isso me custe bolhas no pé no final. (((-:

– Trabalho em grupo: difícil. O problema é que eu sempre me diverti fazendo trabalho em grupo e os grupos com quem eu trabalhei procuravam sempre fazer um trabalho realmente EM GRUPO, mas senti que aqui a coisa é um pouco diferente. O alemao é MUITO prático (e individualista) e percebi que muitas vezes eles nao estao preocupados em aprender todo mundo sobre um tema, mas sim em terminar o trabalho o mais rápido possível. Isso significa, que eles gostam de trabalhar sozinhos e ai pegam o trabalho dividem o grupo por responsabilidades e só alguns dias antes de entregar é que decidem se reunir pra juntar as pecas. Eu odiei isso. Sim, assim é realmente possível terminar o trabalho mais rápido, pois cada um foca na sua parte e pimba, mas você também só aprende a sua parte e muitas vezes teria sido mais fácil se todos logo no comeco tivessem primeiro visto o trabalho como um todo (o que é) e depois sim ter separado. Eu dei muita dor de cabeca para meus grupos, pois eu sou ótima pra achar pontos falhos e estava sempre mandando emails ou falando com eles sobre esses “buracos” e eles ficavam putos. Diziam: “Isso nao é importante”. Mas no final viam que fazia sentido, ou pelo menos eu os convencia disso. ((((-:

– Objetividade: como tudo na vida, trabalhar com alemaes também seu lado ótimo. Eles sao extremamente objetivos na arte do planejamento ou raciocínio e isso é o máximo. Eu me sinto uma lesma tentando acompanhar a explicacao deles às vezes. Sério! Primeiro porque a construcao das frases em alemao sao bem complicadinhas e segundo porque nós temos uma forma de raciocínio meio “diferente”. Nao acho que é melhor ou pior, mas é bem diferente e no comeco do curso foi difícil me acostumar com uma linha reta de raciocínio, mas agora estou amando isso e pretendo levar pra sempre comigo. (((-:

– Segregacao por QI: pois é, logo que comecei a estudar lá percebi que rola uma segregacao baseada em “inteligência aparente”, ou seja, se você é visto como alguém com limitacoes de raciocínio, você está fora dos grupos dos “vencedores”. É estranho, pois eu sempre fui alguém que procurei amigos na escola e nao “Einstens”, mas pelo menos nesse curso o jogo é outro. Eles até podem conversar com você nos intervalos, mas na hora de estudar junto ou fazer trabalho junto, você corre o risco de ser colocado de canto sem a menor cerimônia. Eu dei sorte, mas acho que é porque sou simpática. Sério! Eu sou inteligente também, tá bom, mas nao sou “cabecao” e lá tem um monte desses, mas sao MUITO CHATOS. No comeco rolaram várias indisposicoes por causa de grupo, mas nos últimos dias deu pra perceber que a galera já encontrou cada um seu grupo e, provavelmente, vai continuar assim. Eles dizem que nao tem interesse em mudar de grupo pra conhecer outras pessoas melhor, pois o objetivo deles ali nao é fazer amizades, mas sim serem os melhores e conseguirem as melhores notas e, pra isso, eles tem que estar nos melhores grupos. Sim, lei da selva. E eu? Eu gosto de trabalhar com pessoas de inteligência mediana que saibam trabalhar em grupo e que, principalmente, se divirtam enquanto trabalham, ou seja, os estrangeiros. ((((-:

– Seriedade: ai…ai…ai… como sofri. O povo é sério demais que eu até chego a me sentir uma boba da corte enquanto me mato de rir de nada. ((((-: Tá, já tenho 30 anos e talvez esteja na hora de levar a vida mais a sério, mas eu nao consigo. AMO ser assim. AMO ser palhaca. AMO dar risada sem precisar de motivos. AMO fazer os outros rirem. AMO ajudar a vida ficar mais leve, através da alegria de simplesmente estar viva. Mas durante esse curso, demorei a encontrar pessoas pra rir comigo, ou seja, estava virando uma louca solitária na arte de rir. Gracas à Deus acabei me aproximando mais da Raquel (Equador), do Jun (China) e da Noha (Egito) e quando nos juntamos a gente se mata de rir à toa. Pra vocês terem uma nocao do nível da coisa, um dia eu e uma amiga que AMO (Karuna-Laos), mas que nasceu e cresceu na Alemanha, estávamos conversando sobre isso e eu estava me sentindo muito triste, justamente por perceber que nao estava rindo mais como antigamente. Disse pra ela que isso nao é normal e que eu nao quero ser assim. Foi quando ele soltou uma pérola: “Maira, rir do quê? A verdade é que no momento nós nao temos nenhum motivo pra rir.” Quaaaaaaaaase morri de rir depois dessa! Fala sério. Depois dessa, me afastei um pouco dela, apesar de ter um carinho muito especial por essa garota. Maaas sai pra lá jacaré! ((((-:

– Festa de aniversário: aqui quando você faz aniversário, é você quem traz bolo e SEMPRE um “Sekt”. Esse “Sekt” é a denominação alemã para a bebida alcoólica espumante feito com uvas brancas e com um teor alcoólico no mínimo de dez por cento. Mas o mais engracado é que TODAS as vezes eles cantaram “Feliz Aniversário” em inglês e brindaram dizendo “Cheers”, que também é o tin-tin inglês. Na primeira vez eu virei o centro das atencoes, pois na hora de brindar soltei um solitário e um pouco alto “Prost”. Pois é, fiquei roxa de vergonha e perguntei porque eles nao falam “Prost”, uma vez que estamos na Alemanha e ai ficaram também sem graca e disseram que é costume. Afff…

– Almoco: todos os dia eu comia (pelo menos tentava) no refeitório da Uni. A comida? Muuuuuuuuuuuito variada: batata assada, batata frita, salada de batata, torta de batata, sopa de batata, carne de porco com molho doce, carne de porco com molho salgado, carne de porco recheada, carne de porco com batata e etc. O meu prato preferido? Salada, sopa e pao. (((((-:

– Biblioteca: olha nunca vi um povo estudar tanto. JESUS! Eu ia na biblioteca pegar no máx. dois livros, mas lá logo na entrada tinham umas cestinhas de supermercado e a galera enchia aquelas cestinhas de livro pra levar pra casa. A primeira vez que vi, surtei. E nao duvido nada que eles realmente usem aqueles livros. O povo da minha sala pelo menos estudava o tempo todo, até mesmo nos intervalos. Eu me senti até mal (até parece), pois eu lá ferrada por causa da dificuldade de entender o mais simples, rindo que nem uma doida nos intervalos, enquanto os alemaes estavam estudando. Mas isso ninguém pode negar, sao SUPER aplicados.

– Cola: você também acha que alemao nao cola? Entao acorda bela-adormecida. Eu também nao acreditava que eles colassem, sei lá porque, mas SIM, eles colam e MUITO (inclusive no MBA). Eu nao iria saber, se nao fosse minha colega me contar, pois eu sempre sento na primeira carteira de cara para o professor. Ela também colou e me contou que a galera estava com papelzinho e tudo pra colar. Quaaase cai de costas.

– Bate-boca: muitos. O povo briga e briga feio, mas tem um ponto positivo pra alemaozada nesse quesito: eles nao sao tao emocionais. Isso mesmo. A gente no Brasil briga e sai todo ressentido, guardando mágoa até a nossa próxima geracao. Os alemaes brigam feio, mas saindo da briga parece que NADA aconteceu. Eles SEPARAM muito bem as coisas e isso eu AMO aqui. Mas ver as brigas é ótimo, pois eles sao toscos DEMAIS. Nao sao aqueles barracos, onde o povo nem sabe mais do que estao falando, ou seja, sao brigas inteligentes e com raciocínio lógico a seguir. AMO! ((((-:

Bom, se eu for lembrando mais alguma coisa, vou acrescentando, mas acho que o principal está ai. Eu resumiria dizendo que a maior riqueza de se fazer um curso desses é entender que TODOS somos seres humanos e que apesar das diferencas culturais, estamos sujeitos à obstáculos iguais ou podemos até mesmo conquistar as mesmas coisas. Isso é o máximo! Estou ali convivendo com eles e vendo muitos deles sofrendo, lutando, falhando, chorando (só os estrangeiros choram..hahaha), sorrindo, como eu. Lógico que nessa situacao nao estamos 100% em pé de igualdade, mas como seres humanos estamos sim. Todos estao ali buscando a mesma coisa, tendo que superar (cada um com suas ferramentas) os mesmos obstáculos, se desafiando, deixando de dormir, deixando de se divertir para estudar e sonhando com a recompensa por tudo isso. Ninguém ali é mais ou menos. Ninguém ali é como ser humano melhor ou pior. Isso é mágico! Uma experiência que nos mostra o quanto ignoramos nossas semelhancas, sempre focados em procurar nossas diferencas e tentar provar através dessas que somos melhores. Isso se chama ignorância, no sentido de ignorar a verdade e a verdade é que todos somos, na nossa essência, IGUAIS.

Além disso, estou superando a mim mesma dia após dia. Estou fazendo melhor do que acreditava que podia, estou superando mais coisas do que imaginava que teria que superar, estou amadurecendo muito mais do que achava que seria possível e estou me realizando muito mais do que tinha desejado. Estou quebrando pré-conceitos e criando conceitos verdadeiros. É uma experiência única, pois é uma situacao onde você tem que vencer algo com limitacao na capacidade de comunicacao. É uma situacao difícil, pois a gente acaba tentando justificar o fracasso nessa dificuldade e usa o nao domínio da língua como desculpa para desistir ou por nao ter vencido e isso nao está certo. A dificuldade EXISTE, mas a nossa forca de vontade TEM que ser maior. O nosso otimismo e desejo de vencer é capaz de fazer com que a língua seja o fator menos importante na conquista. Isso é TAO VERDADE que hoje quando leio os materiais das minhas aulas, me pergunto como pude entender tudo aquilo. NAO TEM OUTRA EXPLICACAO, a nao ser o fato de que eu queria tanto conseguir, que criei sem perceber todas as ferramentas necessárias para isso. Qualquer conquista só vem quando acreditamos nela e nao o inverso. Ela é o resultado e nao o ponto de partida.

Foi apenas o primeiro passo. Foi perfeito. Foi mágico. Foi difícil. Foi intenso. Foi rico. Foi extremamente gratificante e foi, sem dúvida, apenas o primeiro passo de uma jornada incrível e inesquecível chamada AMADURECIMENTO e SUPERACAO.